terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Feliz Natal



Que tenhamos sempre um local seguro para descansar...
e suficientemente inspirador para fazer emergir a força para continuar a andar.

Um Natal muito Feliz

e uma transição pacífica e alegre para o Novo Ano.

O Inverno chegou aí...


                                                        Mas temos sempre os ciprestes...

                                                                    e outras maravilhas :)

                                                                     as laranjas,


                                                           e mais tangerinas...



e as abóboras


e as couves...


e há mais... cebolas, batatas, rabanetes...

Contacte o Sr. Joaquim e prepare as suas refeições de Natal com alimentos saudáveis que nutrem o corpo e a alma.



domingo, 27 de setembro de 2015

Já chegaram as ROMÃS!!!



"O simbolismo da romã está associado ao simbolismo mais geral dos frutos que têm muitas pevides... é antes de mais um símbolo de fecundidade... 

A mística cristã transpõe este simbolismo da fecundidade para o plano espiritual. 

É assim que S. João da Cruz faz das pevides da romã o símbolo das perfeições divinas nos seus efeitos inumeráveis; ao que acrescenta a rotundidade do fruto como expressão da eternidade divina e a suavidade do sumo como a da felicidade da alma amante e conhecedora. De forma que a romã representa os mais altos mistérios de Deus, os seus mais profundos julgamentos e as suas grandezas mais sublimes (Cântico Espiritual)". (Chevalier, 1982)


"O sumo de romã foi utilizado na medicina persa durante milhares de anos. 
As suas propriedades inflamatórias e antioxidantes já foram comprovadas, bem como a sua capacidade para reduzir substancialmente o desenvolvimento do cancro da próstata (entre outros) mesmo nas suas formas mais agressivas...." (Servan-Schreiber, 2010)







A respectiva experiência culinária vegetariana 
que ficou uma delícia!!!


Bulgur com fruta

*bulgur, produzido a partir de diferentes tipos de trigo, rico em minerais e fibra.



Bibliografia:
Chevalier, J, Gheerbrant, A. (1982). Dicionário dos símbolos. Lisboa: Ed. Teorema.
Oliveira, G. (2015). Cozinha vegetariana: para quem quer ser saudável. Lisboa: Arteplural Ed.
Servan-Schreiber, D. (2010). Anti-cancro: uma nova maneira de viver". Alfragide: Ed. Caderno


Para encomenda de romãs, contactar o Sr. Joaquim:

Tlm. 91 70 23 192
hortadalarga@gmail.com

OUTONO

                                                                      

OUTONO



O início da estação do Outono, dia 23 de Setembro, está associada ao Festival do Arcanjo Michael (Michaelmas). 
Nesta fase do ano, em que a natureza passa por processos de morte, o ser humano deve dedicar-se à auto-consciência, investindo na força interior e iniciativa. Trata-se de um festival da Vontade firme, onde deve ser celebrada a renovação da disposição da alma.



Bibliografia:
Steiner, R. (1996). The four seasons and the archangels". ES: Rudolf Steiner Press

SUMO DE MELANCIA


Aqui também se aplica o velho ditado de que os últimos são sempre os primeiros...
As últimas melancias deste ano 2015 são deliciosas!!





"A melancia é um símbolo de fecundidade devido às numerosas pevides que contém. 
 É por isso que antigamente no Vietname se ofereciam sementes de melancia aos recém-  casados,  juntamente com laranjas, que têm o mesmo significado." (Chevalier, 1982)

"A melancia é um dos frutos mais alcalinos... refrescante e hidratante. Facilmente digerida devido ao seu elevado teor de água, é rica em vitaminas C e A, com propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes." (Domenig, 2015)




Bibliografia:
Chevalier, J, Gheerbrant, A. (1982). Dicionário dos símbolos. Lisboa: Ed. Teorema
Domenig, S. (2015). A cura alcalina. Amadora: Ed. Vogais




quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Tudo começou com o Grão de Bico...

Produção de Grão de Bico biológico 


Eu, Gata Tigresa Serpense, aguardava numa espera paciente e alerta o meu passeio matinal (nova aquisição decorrente das férias Gestálticas que a minha companheira de percurso decidiu implementar).

Aguardei o beber pausado do chá de cidreira, o Yoga, a meditação, o banho, os cremes, o batido bem nutritivo e miei finalmente num som de vitória de quem finalmente vai sair de casa... às 12h30!!

"Sou activamente calma e calmamente activa"
 Rodgers, V. (2009)

Já no fim do passeio, eis que passa por nós o Sr. Joaquim no seu jipe. O jipe pára. A passo largo dirige-se determinado para o terreno onde habitualmente se encontram as ovelhas. Mas de ovelhas nem vê-las. No lado direito do terreno, a terra parece ter sido alisada, desenhando-se um círculo e no centro parece haver muita palha... 



O Sr. Joaquim, sempre acessível, bem disposto e disponível para conversar explica:

"Esta é a debulha artesanal do grão de bico. O terreno é compactado, faz-se a eira, depois espalha-se o grão e ao fim da tarde são debulhados com o tractor e são jogados ao vento para fazer a separação da palha do grão. 

Nesta altura, o Sr. Joaquim dirigiu-se ao tractor e mostrou como se "pisa" com o tractor. 




Voltas, voltas e mais voltas... e parou. De um pulo alcançou o chão e preparou-se para falar daquilo que julguei que ia ser mais uma explicação técnica e eis que revela:

"não se pode ir sempre na mesma direcção senão ficamos bêbedos!" 

 De bom humor, com entusiasmo e não vencido pelo calor, continua:

"Este é um processo artesanal antigo, muito moroso e trabalhoso, pouco rentável... usava-se antigamente quando não haviam máquinas. Aqui o processo faz-se assim porque se tem tratado de uma produção pequena. Tem vantagens porque é um processo que não implica algo que altere o produto, trata-se de agricultura biológica, desde o cultivo... são apanhados à mão, carregados para a eira e depois são debulhados e jogados ao vento... é um processo completo.

O cultivo é feito com o tractor, aos regos e depois são apanhados de manhã cedo quando há brandura (o relento da noite torna a palha branda) para que as vagens não caiam... porque estando muito secos as vagens caem..."

Nesta altura, os cães ladravam, um de um lado, outro de outro e eu muito eriçada fui salva deste filme de terror pela "árvore humana" ao meu lado, a minha companheira! Quando o susto passou e já em completa segurança, sem o coração aos pulos... o Sr. Joaquim continuou, especificando agora um pouco mais:

"A primeira fase é a sementeira, a seguir à sementeira é o "apanho" quando os grãos já estão bem maduros no final de Agosto... são apanhados e colocados em paveias (fazer um monte de grãos) ) depois são carregados também de manhã para não se "debagulharem" com o transporte... depois o terreno é compactado, isto é, batido com um tractor e água... depois são colocados na eira onde vão estar expostos ao calor. 
No final do dia são pisados com um tractor... quando estão bem pisados tira-se a palha mais grossa com um ancinho. 


Gradualmente, vai levantando com o ancinho conjuntos de palha/grãos, dando-lhes uma volta e atirando para o lado, apoiando assim a continuação da separação das vagens do grão. Segue em linhas rectas que parecem perfeitas como se tivessem sido desenhadas no chão atravessando o círculo lentamente, com atenção, método, paciência, um sorriso e determinação.




O silêncio é interrompido pelo seu comentário, "o pior é o pó que se levanta...". A meio do percurso, pára e descansa um pouco à sombra de uma oliveira... o calor é imenso!!

Daí a pouco recomeça... no mesmo ritmo até terminar.

São apresentadas a forquilha e a pá. "Estes são os talheres", diz.  Risos.

"Esta é uma forquilha antiga feita de madeira de oliveira e esta é a pá que é feita de madeira de azinho... originalmente era com estas ferramentas que se fazia este trabalho..."

 "Agora uma fotografia típica de um Alentejano a descansar à sombra de uma oliveira".  Mais risos... isto dito por alguém que esteve na torreira do sol (não sei quanto tempo, não contei) a fazer esforços e a apanhar com o pó que se levanta quando se move a palha.





Uma pausa no riso e a conversa continua...

Na última etapa, os grãos são jogados ao vento. Agora não há vento, mas o Sr. Joaquim exemplifica. 



"É preciso perceber donde vem o vento...", o mesmo se aplica à vida, pensei eu, é preciso saber fluir com o rio da vida, caso contrário... perdem-se os grãos e apanha-se com o pó.




"A separação da palha do grão é sempre feita ao sol posto, que é quando vem a "maré do vento", a partir da 7, 8 horas da noite, é o meio para a limpeza."

"Antigamente a parte da debulha era feita em frascais (conjunto do cereal) que se juntava numa eira grande. Cada vizinho punha o seu frascal de trigo ou da variedade de semente que tivesse e depois aquilo era debulhado com bestas (que podiam ser burros, cavalos, machos ou mulas, estes últimos são animais fortes para trabalho, são estéreis e surgem do cruzamento de burra com cavalo ou burro com égua). 

Nesse tempo não havia tractor e depois ajudavam-se uns aos outros... todos os vizinhos juntavam-se para fazer a debulha ... e às vezes dormia-se na eira até à tarde, até que houvesse vento, que geralmente aparece mais quando o sol se põe.

Isto era divertido antigamente quando se trabalhava, os velhos... punham umas bestas aí em cima a andar à roda...duas bestas a andar à roda e a pessoa ficava no meio com uma arreata (a corda com que se conduz o animal)... era o que também se fazia para se tirar a água dos poços...como se fazia ali na Nora em Serpa. E as bestas tinham os olhos tapados senão ficavam almariadas!!

... isto agora é só evolução... agora a pessoa está em casa, carrega no telemóvel e automaticamente o mecanismo de rega acciona e rega... mas isto é o que havia antigamente".

Última fase do percurso...

"Por fim são passados no arneiro, onde se separa alguma terra dos grãos.  Aqui ficam prontos a serem demolhados para depois se cozinharem. Têm que ficar em água durante a noite e no outro dia já podem ser cozinhados.


Enquanto o Sr. Joaquim dava mais uma volta com o tractor, reflecti:

E ainda existe agricultura biológica, artesanal... parece que cada vez mais... e ainda bem... para os que de dedicam a este trabalho, para os que conscientes da influência que os alimentos têm na saúde, escolhem adquirir alimentos biológicos produzidos artesanalmente; e para toda a natureza, porque todos fazemos parte de um campo.

Há algo que surge do contacto do homem com a natureza que seguramente não surge do contacto do telemóvel/ computador com aquela.

O que surge é algo mais que o homem ou a planta, é uma relação que dá frutos nutritivos, com compostos visíveis e outros invisíveis e inexplicáveis (a mente humana ainda não chegou completamente lá!). O dar-se conta acontece quando se toma um tempo suficiente e de presença para observar, saborear e apreciar o que foi assim produzido, sem aditivos para além do sol, da água, do sorriso, do humor, da alegria e da dedicação (a avó materna da "árvore humana" que adoptei faz este mês 2 anos, falava para as plantas e sorria-lhes... conta que aquilo lhe parecia muito tonto... o que é certo é que aquela casa na Estrelinha, como a avó lhe chamava, tinha um canto que parecia um jardim botânico onde tudo florescia!.)

Diz o Sr. Joaquim com uma certa perplexidade no rosto... as pessoas agora nem sabem a diferença entre um frango de campo e um frango de aviário... não percebem as diferenças no sabor..."

Ainda há esperança... que ao tornar o acto de comer num momento sagrado (de presença grata), possam descobrir, entre outras coisas, o paladar nas suas inúmeras nuances e possibilidades e assim aos poucos tornarem-se mais conscientes, capazes de fazer escolhas que conduzam à saúde.

Em jeito de despedida, diz o Sr. Joaquim:

"agora tenho que ir ali enviar um email ao S. Pedro para enviar o vento senão não se pode acabar o processo..." riso geral... 

Sem qualquer desvalorização das novas tecnologias, que colocadas no seu lugar muito facilitam a vida à Humanidade, é certo é que nada substitui o contacto de directo do Homem com a Terra.
Observar todo o processo por que o grão passa até chegar à refeição, saber de onde veio, como é trabalhado, faz toda a diferença na consciência e no corpo. O conhecimento desta diferença só está acessível quando depois de habituados a comprá-los no supermercado, se colocam na experiência de adquirir alimentos deste tipo de agricultura, de preferência a agricultores locais

"Quanto maior a distância viajada, mais manuseados foram e maior probabilidade de terem sido processados ou acidificados ao longo do caminho.
Para além de serem mais frescos e de melhor qualidade, os alimentos produzidos localmente, são, muitas vezes, oriundos de pequenos negócios artesanais que contribuem para a economia local"
Dr. Stephan Domenig (2015)

O S. Pedro não responde a emails, como tal, não se levantou vento! Aliás nem uma palhinha se moveu!... resta-nos esta noite orar ao Santo, para que o ar se mova com a intensidade necessária para criar a dita "maré de vento", para que amanhã se possa finalizar esta história. Esta história... porque de cada fim emerge um novo início... neste contexto... uma bela refeição.

"É belo viver, porque viver é começar, sempre, a cada instante"
César Pavese


E pensar que tudo começou com o Grão de Bico...  e resultou numa conversa inesperada entre uma Gata Tigresa Serpense, um Agricultor e a companheira da Tigresa.

Na Horta da Larga, em Serpa, os produtos provenientes de agricultura biológica estão disponíveis para quem quiser adquirir. 
É só contactar com o Sr. Joaquim.
Tlm. 91 70 23 192
hortadalarga@gmail.com







Bibliografia:
Domenig, S. (2015). A cura alcalina. E. Vogais, Amadora.
Rodgers, V. (2009). Transform your life through handwriting. Sounds True, California.